sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Controle de natalidade é evolução!

Estou eu hoje no cinema quando escuto o choro de um bebê com certamente meses de idade. Sinceramente, o que passa na cabeça de uma irresponsável dessas? É o cúmulo! Pra ser mãe tem que ter responsabilidade! Quer ir pro bar, sair a noite, ir ao cinema, namorar? NÃO TENHA FILHO FORA DE HORA! Já inventaram anticoncepcional há muito tempo, só tem filho quem quer e não me venham com churumelas. Sou a favor do controle de natalidade pra quem não tem responsabilidade e acha que pode brincar de ser mãe ou que vai prender o príncipe encantado com um filho. Morro de pena das crianças. Ter filho é pra quem tem responsabilidade, independência financeira, vontade real de gerar uma vida e se responsabilizar por educar uma pessoa que torne esse mundo melhor. Reflitam!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Showokê?

Quando saímos para assistir um show temos que ter várias coisas em mente: o lugar, o tipo de música, o tipo de público, a duração etc. Só assim conseguimos nos preparar com algum acerto para enfrentar as muitas intempéries que acontecem quando resolvemos prestigiar algum de nossos cantores ou bandas favoritos.

No entanto, ainda não consegui entender uma coisa: fulano fica em uma fila daquelas, gasta considerável soma de dinheiro, sai do conforto do seu lar, pega trânsito, fica em pé sem ter como ir nem ao banheiro e naquele momento, em que a música está sendo tocada ao vivo, em que se pode apreciar o som na sua mais pura forma, ele começa a se esguelar e além de não ouvir nada além de sua própria voz, parece competir com o ídolo em um karaokê de quem canta mais alto, por quê?

Olha, se eu quisesse ouvir alguém que não canta bem eu ia no show do Fábio Júnior!

Se eu tive esse trabalho todo, foi pra ouvir quem estava anunciado no cartaz, e não o cover injustiçado!

Sinceramente, quer cantar mal canta na sua casa, ou no show de calouros e vê se o Sílvio Santos atura você. Acompanha a música que você tanto gosta em uma altura que só você ouça a sua voz horrível, ou se contente em cantar aquela parte do refrão que o anfitrião pede pra você cantar junto. Ninguém é obrigado a deixar de ouvir quem realmente importa porque você acha que canta melhor que quem até você mesmo pagou pra ver.

Vou fazer a campanha, show não é karaokê! Todo mundo veio ouvir (o nome do cantor ou banda), ninguém veio pra ouvir você!

Aproveitando o ensejo, homens lugar de ficar sem camisa é em casa, na praia e no clube, só!

É anti-higiênico andar sem camisa! O seu suor é propriedade particular sua! Ninguém quer compartilhar!

Aquele show lotado, um calor de matar, e fulano quer ficar lá mostrando seu abdômen depilado como se fosse concurso do Mr. Gay!!

Como se não bastassem os pisões, empurrões, cotoveladas, puxões de cabelo, ainda tem a parte de ficar melada com suor alheio, aí não há fã que aguente!

Shows na verdade são grandes campos concentração, se sobreviver a isso, nada mais te mata!

E fica a grande lição:em shows de rock a grande arma é sutiã com airbags!!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mais do mesmo.

Quando eu estudei biologia, aprendi que "nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Depois no curso de direito, aprendi que "nada se cria, tudo se copia", e pelo jeito a máxima ultrapassou as portas das vetustas casas do saber jurídico e se apoderou do mundo. Me pergunto se a criatividade foi se desgastando com o tempo ou se a burrice é que está realmente "tomando conta".

Por onde andam os músicos que inventavam ritmos, criavam sinfonias ouvidas por séculos a fio, compunham canções que nos faziam pensar e tocavam fundos nossos sentimentos mais íntimos? As coisas boas ainda feitas, salvo raras exceções, são de músicos que iniciaram suas carreiras há pelo menos 20 anos em média. A tão falada música eletrônica é só um arranjo em cima de músicas e ritmos criados pelos representantes de outros gêneros musicais. Gostaria de saber quem dos super fãs de música eletrônica ouve hoje ainda o sucesso que eles adooooravam ano passado. Ou qual o grande mérito dos cantores sertanejos que vendem seus discos como água, regravando as músicas com as quais outros cantores fizeram sucesso há tempos atrás.

Quando olho pra moda, uma outra arte que adoro, vejo se repetirem nas passarelas os modelos desfilados por grandes estilistas com pequenas modificações e se tornando peças aclamadas pela crítica como se fossem a coisa mais criativa do mundo. Criativos mesmo perdem seus empregos, suas marcas entram em falência, como aconteceu com Christian Lacroix.

O cinema anda tão chocho que já sabemos o fim dos filmes antes de começarem. Fico muito feliz quando vejo filmes excelentes como "O cisne negro", porque anda faltando o que ver. Tarantino com todo o seu savoir-faire, nem fazendo um filme com o tema favorito da academia conseguiu levar a estatueta por Bastardos inglórios. E quem levou? Um dos filmes mais sem conteúdo e repetitivos que já vi. O tema? Batido! O enfoque? Batido! Juro que achei que o vencedor seria Avatar, apesar dos pesares, pelo menos tem lá os seus méritos por ser pura ficção e algo diferente. Mas Guerra ao terror, o grande vencedor? Sem comentários!

Os livros padecem de conteúdo e de novidade tanto quanto os filmes. Choro de lembrar que os meus autores favoritos já faleceram ou estão em vias de (não é desejando a morte de ninguém né, mas ninguém é eterno e todos já passaram dos 60). Quanto mais vendido é um livro, mais desgosto eu tenho ao lê-lo. Mas como já falei dos livros especificamente aqui, só digo que o legal agora é encher o máximo de páginas com o mínimo de conteúdo, e saber que aqueles livros eternos, que você lia várias vezes não têm o menor valor pra indústria do mais do mesmo. Quanto mais você lê o mesmo livro, menos dinheiro eles ganham vendendo a mesma coisa pra você com novos créditos e novos velhos personagens e histórias.

A TV tem dado até medo. A aberta então, melhor nem ligar. Tenho engulhos quando vejo a quantidade de gente que passa horas do dia acompanhando BBB. Um amigo me falou uma vez que se eu gostava de ir ao zoológico, eu tinha que gostar de BBB, porque era o mesmo que ver o animal humano em uma jaula. Olha, se a humanidade é percentualmente acéfala como os participantes deste programa, a gente pode parar de se chamar de raça inteligente. Porque, juro, os meus gatos são mais inteligentes que a maior parte das pessoas que pisaram naquela casa. E quando leio no "Te dou um dado?" que uma das participantes perguntou se ainda existia macaco, eu confirmo que os macacos estão vários passos a frente desses exemplares da raça humana na cadeia evolutiva.

Li uma vez um filósofo que dizia que a cultura de massa tinha tantos adeptos porque a maioria das pessoas não gosta de pensar, prefere ser comandado, gostar do que todo mundo gosta, usar o que todo mundo usa, falar o que todo mundo fala, e agir como todo mundo age. Vejo aí muito sentido. Se as pessoas não gostam de pensar, se não têm capacidade pra isso ou se apenas se deixam levar por "todo mundo", eu não sei. O que sei é que está acontecendo um empobrecimento generalizado da cultura, embora estejamos vivendo o século em que as pessoas têm mais acesso a qualquer coisa.

Acredito que a indústria do consumo de massa seja a maior responsável por isso. Os 15 minutos de fama geram muito mais dinheiro do que desenvolver um artista de verdade. Se as pessoas se contentam com pouco, se temem ousar, pensar, sentir, mais fácil é jogar qualquer coisa no mercado e com um bom marketing fazer o melhor negócio do mundo. Criar leva tempo, exige raciocínio, dedicação e um quê de inteligência diferenciada. Copiar, qualquer um copia. Até máquina copia.

Sinto muito pelas gerações que estão tendo contato agora com determinadas áreas de cultura. Porque ou vão sofrer de um mau gosto absurdo e serem convencidas de que aquilo é bom, ou vão viver com uma sensação de viver no passado. Penso eu que melhor ser vintage que ouvir Restart, assistir BBB, ler "O símbolo perdido" ou "Porque os homens amam mulheres poderosas" (porque tá aí a maior mentira que alguém já escreveu na vida, não conheço se quer um homem que goste de uma mulher mais poderosa que ele, só se pra quem escreveu isso aí poderosa é igual a gostosa, aí tá certíssimo!).

Tenho medo da cultura do efêmero, do volátil e do niilismo. Tenho sérias suspeitas de que emburrecer as pessoas, darem a elas muito circo e nada pra pensar é uma conspiração secreta pra nos transformar a todos em ovelhas. De que adianta liberdade de escolha se não há o que escolher? Que diferença faz escolher entre BBB ou a Fazenda?

Salve o espírito dos críticos, dos que questionam e se recusam a viver como todo mundo. Palmas pra quem tem coragem! Viva os que pensam, porque isso tem se tornado cada vez mais raro. Muita informação e pouco conhecimento. Espero que quando virarmos todos ovelhas, eu possa ser pelo menos uma ovelha negra. Pelo menos isso.

Aí ao terminar este texto me deparo com a biografia de Justin Bieber entre os mais vendidos. E chego à conclusão que a coisa está bem pior do que eu pensava!! Deus por favor reencarna o Machado de Assis?!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Na rua dos bobos, número zero.

Desastrada é uma palavra que me define muito bem. Mas mais que isso sou azarada também. Tem certas coisas que só acontecem comigo. Sal grosso pra mim tem que ser de tonelada.

Eu escolhi sem querer a rua mais perigosa da cidade para morar, até aí normal já que fui eu que escolhi. O triste é ter que andar nessa tal rua duas vezes ao dia.

No início, antes de eu saber que tinha escolhido o antro da bandidagem pra morar, eu andava desatenta e alegre pela minha ladeira, achando que estava em um lugar tão seguro quanto a barriga da minha mãe. Mas um dia, como eu tenho imã pra encrenca, a encrenca me encontrou. E não veio sozinha! Dois distintos cavalheiros, depois de me gritarem palavras de altíssimo calão, me socarem e empurrarem, levaram minha bolsa e toda a parafernália e equipamento de pesca que eu levava dentro dela.

Triste e deprimida ainda gritei como se tivesse tido um orgasmo quando descobri que o meu celular tinha ficado escondido. Espertinho! Salvou minha agenda e isso é a parte mais importante do equipamento de pesca.

Desde então perdi o rebolado. Já que estava cercada de malfeitores, passei a andar paranóica, parecendo uma antena parabólica, capitando tudo que estivesse em um raio de 200 metros de mim. Eu sei que as parabólicas são mais potentes, né, gente! Mas, olha, para mim, que não tenho super poder nem sou mutante, já é um feito e tanto.

Nessa brincadeira de radar, um belo dia, andando com a minha anteninha ligada eu o avistei. De início, só achei estranho o local em que o indivíduo estava parado, um bequinho que fica perto do ponto de ônibus, e já fiquei cabreira: "que lugar é esse que esse cara tá parado?". Como já estou taxada de paranóica, resolvi tentar esquecer o assunto e continuar o meu caminho.

Mas era tarde demais, meus olhos já estavam presos àquele ser humano tentando avaliar sem sucesso "que P... é essa que esse gordinho de cabelo com gel está fazendo nesse bequinho".

E pronto, dei pra ele o que ele estava esperando, atenção. E numa fração de segundos, quando virei pra trás pra ver se ele não estava correndo atrás de mim, como os cavalheiros da outra história, eu vi.

As mãos segurando algo, manuseando mesmo. Aí, pensei, "ah é o cinto, devia estar fazendo xixi". E olhei de novo pra ver melhor, e "ah, socorro!! Não é um cinto, é um p...!!".

Entenderam agora o por que da rua dos bobos? Bobo é ele que vê graça em ficar mostrando de longe, bem longe mesmo o instrumento pra alguém que definitivamente se assunta e sai correndo ou boba sou eu que ainda não mudei de lá?

Se alguém souber de algum apartamento pra alugar do lado da delegacia me avisa? Pelo menos facilita fazer os B.Os.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A corrida pelo ouro de tolo.

Tenho observado com certo desdém as críticas à eleição do Palhaço Tiririca para a Câmara Federal, mas hoje me dei conta de que nada melhor se aplica ao povo brasileiro. Como diz o velho jargão "cada povo tem o governo que merece", nada mais adequado a um povo que se deixa fazer de palhaço do que eleger um palhaço pra representá-lo.

Não se assustem, abandonei por hora o tema "políticos". A minha indignação está direcionada a outra coisa. Há muito tempo discuto, com a paixão que me é de costume, o sistema de organização de programas culturais no Brasil. E mais uma vez, o show do U2 me prova como somos feitos de idiotas por todas essas empresas que alegam difundir a cultura pelo país, mas que na verdade só exploram os mal informados e conformados cidadãos brasileiros.

Me lembro com saudade da turnê Pop, na qual eu paguei justos R$45,00 reais por uma entrada, que foi comprada sem grandes sacrifícios por uma amiga. Não que a banda número 1 no meu coração não valha os R$180,00 cobrados agora, o triste é que esse valor parecer ser pouco para os desorganizadores do evento.

Passei horas durante 2 dias em frente ao computador tentando comprar os ingressos, tanto na pré-venda quanto na venda aberta, sem o menor sucesso. Quando depois de ficar com os dedos dormentes de tanto atualizar o site, este abria, os ingressos já estavam esgotados como por mágica. Conheço apenas 1 felizardo que conseguiu os valiosos ingressos, e me pergunto se o meu computador e a minha internet são tão piores do que os das agências de turismo que conseguiram centenas de ingressos e agora os vendem a preços exorbitantes.

Depois das tentativas frustradas de compra na internet, foi a vez de enrijecer os dedos nos botões de telefone, até consegui com certa facilidade cair no atendimento eletrônico. No entanto, depois de digitar o número do cartão de crédito e do CPF correta e pausadamente, recebi a seguinte resposta: "não entendi. Você excedeu o número de tentativas. Ligue novamente". Como excedi se eu digitei certo cara pálida? E não entendeu o que, quer que eu desenhe?

Hoje li na imprensa a indignação de milhares de fãs quanto ao número e valor de ingressos à venda nas agências de turismo. E faço coro às suas palavras. Duvido que a empresa que organiza o evento não esteja favorecendo essas agências. Simplesmente foge a toda a razão, que os fãs movidos por paixão, mesmo ficando horas e horas tentando não consigam comprar os ingressos que as agências distribuem com tanta facilidade a quantias vultuosas.

Para mim, é apenas mais uma forma de exploração dos brasileiros que confiam demais nas boas intenções dos empresários desse país. Eles visam o lucro e mais nada. Apenas descobriram um nicho com pouca concorrência e abriram os portões do paraíso. Enquanto os cachês das bandas são os mesmos, gostaria de saber o que justifica que os ingressos no Brasil sejam 4, 5 vezes mais caros que nos países da Europa e USA. Pelo que me consta, as atividades culturais são isentas de impostos, e inclusive contam com incentivo do governo. Não dá pra colocar a culpa na carga tributária dessa vez.

Será que é só por que a gente não reclama? Será que é só por que apesar de toda a palhaçada, ainda corremos desesperados por um ingresso não importa o que ele custe ou que nós sejamos ridicularizados por isso? Será que não basta de tanto desrespeito e exploração por parte dos nossos conterrâneos, que julgam que burro carrega carga sem sentir?

Estou sinceramente indignada, pra não dizer pior. Espero que o poder público e o Ministério Público passem a investigar essas empresas que estão longe de ser idôneas, porque eu sinceramente gostaria de saber pra onde foram todos esses ingressos.

Vai ver que também é culpa dos traficantes do Rio né? Podem procurar no Morro do Alemão que os ingressos do U2 estão todos lá!

Mas vamos lá gente, pintar a cara, porque mais uma vez os palhaços somos nós! Estou cansando desse papel

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tudo sobre minha mãe.

"Aí então poderei ser boa e caridosa como a mamãe"

Esta frase é de um dos meus livros favoritos, "E o vento levou...", que representa um trecho no qual a personagem Scarllet, com quem me assemelho muito, pensa nas coisas horríveis que está fazendo, que não são comportamento de uma dama, e lembra de sua mãe, uma autêntica dama do século XVII. Boa, caridosa, elegante e adorada por todos.

Em um dos aspectos que mais me assemelho com ela é em querer parecer a minha mãe sem contudo alcançar o feito em todos esses anos.

Desde criança tenho a oportunidade de conviver com uma mãe amorosa, abnegada, inteligente, dedicada, e com tantos atributos que eu não poderia descrever com justiça. A despeito de todas as discussões causadas pelo meu jeito mimado e impetuoso, ela sempre foi a pessoa que eu mais admiro no mundo.

Com o passar dos anos eu só tenho tido a certeza, cada vez maior que a imagem da santa, heroína, deusa e rainha que eu sempre identifiquei na minha mãe, é a melhor personificação do que ela realmente é.

Aquela figura esguia, de postura ereta, que fala baixo sem qualquer erro de português, que se move com elegância, sem fazer ruído, que ao mesmo tempo consegue tratar a todos de maneira agradável e com doçura, e que é incapaz de achar uma só criatura que não tenha uma qualidade pra se admirar, é o que todos podem chamar de uma verdadeira dama. Não são as roupas que usa, ou a forma como penteia os cabelos, não são as jóias ou os artigos de luxo que ela não usa que definem sua majestade, são aqueles gestos espontâneos efetuados com toda a elegância, são as palavras que usa para elogiar ou para criticar sem ofender quem quer que seja, e o seu bom coração.

Sempre ouvi de todos com quem convivo que não conhecem pessoa mais elegante, educada e fina que a minha mãe. Eu me sinto lisonjeada e concordo com ênfase.

Assim como a Scarlett, ainda não achei o resquício de genética que vai me fazer ser como ela. Sou desajeitada, desastrada, falo alto, e estou longe de ter a bondade da minha mãe. Mas nunca perco a esperança, vai ver que com o passar dos anos as semelhanças se acentuam e eu vou poder desfilar um pouquinho da grande dama que tive como mentora.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fundamental é mesmo ler, é impossível ser feliz burrinho.


Esses dias atrás me rendia ao fenômeno "Crepúsculo", e pensava a respeito do meu grande amor pela literatura.
Os livros da saga são como os filmes: sem graça! Não sei porque fez tanto sucesso, eu li apenas porque me falavam tanto que os livros eram melhores que os filmes que fiquei curiosa.
Não, não são. Para mim o filme tem dois atrativos: o fato de eu adorar estórias sobre vampiros e o moço lindo que faz o vampiro do filme. O livro tem um atrativo, e no quesito estória, fica tanto a desejar quanto o filme.
Mas li, fervorosamente, fiquei presa pela minha curiosidade mórbida a um português medonho, que eu poderia dizer que a pessoa que fez as traduções pode até saber inglês, mas faltou às aulas de português com tanto fervor quanto os deputados faltam às seções da câmara. E isso só é perdoável se a diversão do livro não deixar que você observe os impropérios linguísticos.

Isso me deu o que pensar sobre tantos outros livros que amo e odeio. Tenho ânsia de pensar em best sellers, abomino livros de auto-ajuda, desprezo romances água com açucar e tenho um sério problema com os clássicos. E, sim, eu amo ler! Gasto horas e horas, dias e dias, semanas, meses, anos, nessa atividade que pra mim é uma das melhores já inventadas no universo.

Então por que tanto problema com os objetos de uma das minhas atividades favoritas? Respondo a vocês que como tudo na vida, a leitura pra mim tem que me despertar interesse, tem que me divertir, me emocionar, me fazer perder o sono, me prender, e acima de tudo, ela sempre vai me fazer pensar, e daí vêm os problemas. Sou uma crítica por natureza. Critico tudo, questiono tudo, exceto a supremacia da minha opinião e das coisas que eu acredito. É queridos, eu na verdade nunca ouço ninguém. Minhas opiniões são pra mim tão minhas quanto meu próprio cérebro, não vivo sem. Posso até mudá-las, mas sempre é por iniciativa própria.

Em relação aos best sellers confesso que é puro preconceito, mas quando esqueço isso e dou uma chance ao senso comum, lá vem mais uma decepção. O senso comum não tem senso, é isso que penso. Portanto prefiro aquilo que poucos e bons recomendam. É claro que existem exceções, alguns livros excepcionais acabaram curiosamente na lista de best sellers, provando que o senso comum raras vezes tem senso. Ou casos de típicos livros da moda que são fantásticos, como acontece com o Harry Potter. É divertidíssimo, e aqui sim, mil vezes melhores que os filmes.

Livros de auto-ajuda só ajudam quem os escreveu e as editoras que os publicaram. Se realmente se prestassem ao que prometem, seria impressionante a quantidade de pessoas ricas, de chefes eficientes, de mulheres poderosas, de gurus e de casamentos perfeitos. Não vejo nada disso mudar porque os livros venderam como água. Pegue o dinheiro que ia gastar no livro e jogue na loteria, tem uma chance maior de o seu problema ser resolvido.

Romances água com açucar têm lá o seu valor, desde que consiga prender o meu senso crítico até o fim do livro. E isso é difícil. Eu não acredito em amores eternos, não acredito em contos de fadas, embora adore os filmes da Disney, e vivo com o pé fincado na chão. Acho um absurdo alguém que acha que se matar por um amor não correspondido é lindo. Pra mim é estupidez, e falta de amor próprio. E aí fica minha primeira crítica ao clássico Romeu e Julieta. Amores precisam ser alimentados e cuidados. As pessoas têm limites, os sentimentos também. Amor eterno é igual felizes para sempre, não existe. As coisas têm prazos de validade, e tanto a vida quantos os amores são feitos de conjuntos, momentos felizes, momentos tristes, dar e receber. No caso da vida se a balança pesa, as pessoas têm depressão, mudam drasticamente... no caso dos amores, eles mudam também, se a balança pesa, eles viram desprezo, ódio, indiferença, e algumas vezes doença. Assim, os romances pra mim têm que vir revestidos de realidade, se não, não tem graça. Adoro ficção, adoro coisas improváveis, mas por algum motivo minha cabeça não aceita esses romances irreais. Talvez seja uma vacina pra eu não acreditar em príncipes encantados. Mas é isso, o sentimento real é que me faz acreditar no romance. Por mais irreal que sejam as outras coisas, como vampiros por exemplo. Eu preciso identificar o sentimento, saber que posso sentir aquilo.

Na minha visão de romance o Drácula de Bram Stoker tem um lugar especial. Acho lindo mesmo o egoísmo dele. E é tão real porque ele quer ela pra si, não importa se pra isso ela seria infeliz pra sempre. Tenho loucura por E o vento levou... como um romance pode ser mais real que aquilo? O eterno desencontro... Cem anos de solidão me deixa sem fala, a luta contra o que tem que acontecer. Tudo tão humano, tudo tão provável de acontecer com você amanhã. Não é o cenário de ficção que me afasta, e sim a invenção de sentimentos. Como eu vou me identificar com um sentimento que ninguém é capaz de ter? E se alguém me disser que já conheceu um amor eterno, vou cobrar como Vinícius de Moraes a certidão passada em cartório do céu e assinada por Deus.

E aí chego aos clássicos... e à minha obsessão pelo meu infalível bom senso. Considero que alguns livros são absurdamente bem escritos, inovaram em tantos quesitos da literatura que nunca perderam o status de "a coisinha mais bem feita nos últimos tempos", mas alguns são tão insossos, outros tão distantes, e outros tão chatos que eu absolutamente perco o interesse por eles nas primeiras páginas. Já confessei como não suporto Romeu e Julieta, embora ache Shakespeare um gênio, amor à primeira vista que termina em suicídio de gente que não sabe nada da vida me dá raiva só de pensar. Machado de Assis pra mim é a cereja do creme, mas Dom Casmurro está longe de ficar na minha lista de favoritos. Prefiro mil vezes Memórias póstumas de Brás Cubas, que eu já quase decorei de tanto ler, o sarcasmo é que me compra. Dom Quixote pra mim, melhor faria se fosse poesia. Mas a verdade é que os clássicos são clássicos, embora gente como eu possa não gostar deles muitas vezes, eles têm um valor inestimável. Não lê-los é como não ter um pretinho básico no armário, vai ficar sempre um vazio, vai sempre fazer falta.

Mas gente, por favor, esse negócio de sonhar com Romeu e Julieta é tão idiota quanto rasgar dinheiro! Amor à primeira vista não existe, é paixão. Amor eterno, morre. E só morre de amor quem não sente um pingo dele, nem por si mesmo.