quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A corrida pelo ouro de tolo.

Tenho observado com certo desdém as críticas à eleição do Palhaço Tiririca para a Câmara Federal, mas hoje me dei conta de que nada melhor se aplica ao povo brasileiro. Como diz o velho jargão "cada povo tem o governo que merece", nada mais adequado a um povo que se deixa fazer de palhaço do que eleger um palhaço pra representá-lo.

Não se assustem, abandonei por hora o tema "políticos". A minha indignação está direcionada a outra coisa. Há muito tempo discuto, com a paixão que me é de costume, o sistema de organização de programas culturais no Brasil. E mais uma vez, o show do U2 me prova como somos feitos de idiotas por todas essas empresas que alegam difundir a cultura pelo país, mas que na verdade só exploram os mal informados e conformados cidadãos brasileiros.

Me lembro com saudade da turnê Pop, na qual eu paguei justos R$45,00 reais por uma entrada, que foi comprada sem grandes sacrifícios por uma amiga. Não que a banda número 1 no meu coração não valha os R$180,00 cobrados agora, o triste é que esse valor parecer ser pouco para os desorganizadores do evento.

Passei horas durante 2 dias em frente ao computador tentando comprar os ingressos, tanto na pré-venda quanto na venda aberta, sem o menor sucesso. Quando depois de ficar com os dedos dormentes de tanto atualizar o site, este abria, os ingressos já estavam esgotados como por mágica. Conheço apenas 1 felizardo que conseguiu os valiosos ingressos, e me pergunto se o meu computador e a minha internet são tão piores do que os das agências de turismo que conseguiram centenas de ingressos e agora os vendem a preços exorbitantes.

Depois das tentativas frustradas de compra na internet, foi a vez de enrijecer os dedos nos botões de telefone, até consegui com certa facilidade cair no atendimento eletrônico. No entanto, depois de digitar o número do cartão de crédito e do CPF correta e pausadamente, recebi a seguinte resposta: "não entendi. Você excedeu o número de tentativas. Ligue novamente". Como excedi se eu digitei certo cara pálida? E não entendeu o que, quer que eu desenhe?

Hoje li na imprensa a indignação de milhares de fãs quanto ao número e valor de ingressos à venda nas agências de turismo. E faço coro às suas palavras. Duvido que a empresa que organiza o evento não esteja favorecendo essas agências. Simplesmente foge a toda a razão, que os fãs movidos por paixão, mesmo ficando horas e horas tentando não consigam comprar os ingressos que as agências distribuem com tanta facilidade a quantias vultuosas.

Para mim, é apenas mais uma forma de exploração dos brasileiros que confiam demais nas boas intenções dos empresários desse país. Eles visam o lucro e mais nada. Apenas descobriram um nicho com pouca concorrência e abriram os portões do paraíso. Enquanto os cachês das bandas são os mesmos, gostaria de saber o que justifica que os ingressos no Brasil sejam 4, 5 vezes mais caros que nos países da Europa e USA. Pelo que me consta, as atividades culturais são isentas de impostos, e inclusive contam com incentivo do governo. Não dá pra colocar a culpa na carga tributária dessa vez.

Será que é só por que a gente não reclama? Será que é só por que apesar de toda a palhaçada, ainda corremos desesperados por um ingresso não importa o que ele custe ou que nós sejamos ridicularizados por isso? Será que não basta de tanto desrespeito e exploração por parte dos nossos conterrâneos, que julgam que burro carrega carga sem sentir?

Estou sinceramente indignada, pra não dizer pior. Espero que o poder público e o Ministério Público passem a investigar essas empresas que estão longe de ser idôneas, porque eu sinceramente gostaria de saber pra onde foram todos esses ingressos.

Vai ver que também é culpa dos traficantes do Rio né? Podem procurar no Morro do Alemão que os ingressos do U2 estão todos lá!

Mas vamos lá gente, pintar a cara, porque mais uma vez os palhaços somos nós! Estou cansando desse papel

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