terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Na rua dos bobos, número zero.

Desastrada é uma palavra que me define muito bem. Mas mais que isso sou azarada também. Tem certas coisas que só acontecem comigo. Sal grosso pra mim tem que ser de tonelada.

Eu escolhi sem querer a rua mais perigosa da cidade para morar, até aí normal já que fui eu que escolhi. O triste é ter que andar nessa tal rua duas vezes ao dia.

No início, antes de eu saber que tinha escolhido o antro da bandidagem pra morar, eu andava desatenta e alegre pela minha ladeira, achando que estava em um lugar tão seguro quanto a barriga da minha mãe. Mas um dia, como eu tenho imã pra encrenca, a encrenca me encontrou. E não veio sozinha! Dois distintos cavalheiros, depois de me gritarem palavras de altíssimo calão, me socarem e empurrarem, levaram minha bolsa e toda a parafernália e equipamento de pesca que eu levava dentro dela.

Triste e deprimida ainda gritei como se tivesse tido um orgasmo quando descobri que o meu celular tinha ficado escondido. Espertinho! Salvou minha agenda e isso é a parte mais importante do equipamento de pesca.

Desde então perdi o rebolado. Já que estava cercada de malfeitores, passei a andar paranóica, parecendo uma antena parabólica, capitando tudo que estivesse em um raio de 200 metros de mim. Eu sei que as parabólicas são mais potentes, né, gente! Mas, olha, para mim, que não tenho super poder nem sou mutante, já é um feito e tanto.

Nessa brincadeira de radar, um belo dia, andando com a minha anteninha ligada eu o avistei. De início, só achei estranho o local em que o indivíduo estava parado, um bequinho que fica perto do ponto de ônibus, e já fiquei cabreira: "que lugar é esse que esse cara tá parado?". Como já estou taxada de paranóica, resolvi tentar esquecer o assunto e continuar o meu caminho.

Mas era tarde demais, meus olhos já estavam presos àquele ser humano tentando avaliar sem sucesso "que P... é essa que esse gordinho de cabelo com gel está fazendo nesse bequinho".

E pronto, dei pra ele o que ele estava esperando, atenção. E numa fração de segundos, quando virei pra trás pra ver se ele não estava correndo atrás de mim, como os cavalheiros da outra história, eu vi.

As mãos segurando algo, manuseando mesmo. Aí, pensei, "ah é o cinto, devia estar fazendo xixi". E olhei de novo pra ver melhor, e "ah, socorro!! Não é um cinto, é um p...!!".

Entenderam agora o por que da rua dos bobos? Bobo é ele que vê graça em ficar mostrando de longe, bem longe mesmo o instrumento pra alguém que definitivamente se assunta e sai correndo ou boba sou eu que ainda não mudei de lá?

Se alguém souber de algum apartamento pra alugar do lado da delegacia me avisa? Pelo menos facilita fazer os B.Os.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A corrida pelo ouro de tolo.

Tenho observado com certo desdém as críticas à eleição do Palhaço Tiririca para a Câmara Federal, mas hoje me dei conta de que nada melhor se aplica ao povo brasileiro. Como diz o velho jargão "cada povo tem o governo que merece", nada mais adequado a um povo que se deixa fazer de palhaço do que eleger um palhaço pra representá-lo.

Não se assustem, abandonei por hora o tema "políticos". A minha indignação está direcionada a outra coisa. Há muito tempo discuto, com a paixão que me é de costume, o sistema de organização de programas culturais no Brasil. E mais uma vez, o show do U2 me prova como somos feitos de idiotas por todas essas empresas que alegam difundir a cultura pelo país, mas que na verdade só exploram os mal informados e conformados cidadãos brasileiros.

Me lembro com saudade da turnê Pop, na qual eu paguei justos R$45,00 reais por uma entrada, que foi comprada sem grandes sacrifícios por uma amiga. Não que a banda número 1 no meu coração não valha os R$180,00 cobrados agora, o triste é que esse valor parecer ser pouco para os desorganizadores do evento.

Passei horas durante 2 dias em frente ao computador tentando comprar os ingressos, tanto na pré-venda quanto na venda aberta, sem o menor sucesso. Quando depois de ficar com os dedos dormentes de tanto atualizar o site, este abria, os ingressos já estavam esgotados como por mágica. Conheço apenas 1 felizardo que conseguiu os valiosos ingressos, e me pergunto se o meu computador e a minha internet são tão piores do que os das agências de turismo que conseguiram centenas de ingressos e agora os vendem a preços exorbitantes.

Depois das tentativas frustradas de compra na internet, foi a vez de enrijecer os dedos nos botões de telefone, até consegui com certa facilidade cair no atendimento eletrônico. No entanto, depois de digitar o número do cartão de crédito e do CPF correta e pausadamente, recebi a seguinte resposta: "não entendi. Você excedeu o número de tentativas. Ligue novamente". Como excedi se eu digitei certo cara pálida? E não entendeu o que, quer que eu desenhe?

Hoje li na imprensa a indignação de milhares de fãs quanto ao número e valor de ingressos à venda nas agências de turismo. E faço coro às suas palavras. Duvido que a empresa que organiza o evento não esteja favorecendo essas agências. Simplesmente foge a toda a razão, que os fãs movidos por paixão, mesmo ficando horas e horas tentando não consigam comprar os ingressos que as agências distribuem com tanta facilidade a quantias vultuosas.

Para mim, é apenas mais uma forma de exploração dos brasileiros que confiam demais nas boas intenções dos empresários desse país. Eles visam o lucro e mais nada. Apenas descobriram um nicho com pouca concorrência e abriram os portões do paraíso. Enquanto os cachês das bandas são os mesmos, gostaria de saber o que justifica que os ingressos no Brasil sejam 4, 5 vezes mais caros que nos países da Europa e USA. Pelo que me consta, as atividades culturais são isentas de impostos, e inclusive contam com incentivo do governo. Não dá pra colocar a culpa na carga tributária dessa vez.

Será que é só por que a gente não reclama? Será que é só por que apesar de toda a palhaçada, ainda corremos desesperados por um ingresso não importa o que ele custe ou que nós sejamos ridicularizados por isso? Será que não basta de tanto desrespeito e exploração por parte dos nossos conterrâneos, que julgam que burro carrega carga sem sentir?

Estou sinceramente indignada, pra não dizer pior. Espero que o poder público e o Ministério Público passem a investigar essas empresas que estão longe de ser idôneas, porque eu sinceramente gostaria de saber pra onde foram todos esses ingressos.

Vai ver que também é culpa dos traficantes do Rio né? Podem procurar no Morro do Alemão que os ingressos do U2 estão todos lá!

Mas vamos lá gente, pintar a cara, porque mais uma vez os palhaços somos nós! Estou cansando desse papel

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tudo sobre minha mãe.

"Aí então poderei ser boa e caridosa como a mamãe"

Esta frase é de um dos meus livros favoritos, "E o vento levou...", que representa um trecho no qual a personagem Scarllet, com quem me assemelho muito, pensa nas coisas horríveis que está fazendo, que não são comportamento de uma dama, e lembra de sua mãe, uma autêntica dama do século XVII. Boa, caridosa, elegante e adorada por todos.

Em um dos aspectos que mais me assemelho com ela é em querer parecer a minha mãe sem contudo alcançar o feito em todos esses anos.

Desde criança tenho a oportunidade de conviver com uma mãe amorosa, abnegada, inteligente, dedicada, e com tantos atributos que eu não poderia descrever com justiça. A despeito de todas as discussões causadas pelo meu jeito mimado e impetuoso, ela sempre foi a pessoa que eu mais admiro no mundo.

Com o passar dos anos eu só tenho tido a certeza, cada vez maior que a imagem da santa, heroína, deusa e rainha que eu sempre identifiquei na minha mãe, é a melhor personificação do que ela realmente é.

Aquela figura esguia, de postura ereta, que fala baixo sem qualquer erro de português, que se move com elegância, sem fazer ruído, que ao mesmo tempo consegue tratar a todos de maneira agradável e com doçura, e que é incapaz de achar uma só criatura que não tenha uma qualidade pra se admirar, é o que todos podem chamar de uma verdadeira dama. Não são as roupas que usa, ou a forma como penteia os cabelos, não são as jóias ou os artigos de luxo que ela não usa que definem sua majestade, são aqueles gestos espontâneos efetuados com toda a elegância, são as palavras que usa para elogiar ou para criticar sem ofender quem quer que seja, e o seu bom coração.

Sempre ouvi de todos com quem convivo que não conhecem pessoa mais elegante, educada e fina que a minha mãe. Eu me sinto lisonjeada e concordo com ênfase.

Assim como a Scarlett, ainda não achei o resquício de genética que vai me fazer ser como ela. Sou desajeitada, desastrada, falo alto, e estou longe de ter a bondade da minha mãe. Mas nunca perco a esperança, vai ver que com o passar dos anos as semelhanças se acentuam e eu vou poder desfilar um pouquinho da grande dama que tive como mentora.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fundamental é mesmo ler, é impossível ser feliz burrinho.


Esses dias atrás me rendia ao fenômeno "Crepúsculo", e pensava a respeito do meu grande amor pela literatura.
Os livros da saga são como os filmes: sem graça! Não sei porque fez tanto sucesso, eu li apenas porque me falavam tanto que os livros eram melhores que os filmes que fiquei curiosa.
Não, não são. Para mim o filme tem dois atrativos: o fato de eu adorar estórias sobre vampiros e o moço lindo que faz o vampiro do filme. O livro tem um atrativo, e no quesito estória, fica tanto a desejar quanto o filme.
Mas li, fervorosamente, fiquei presa pela minha curiosidade mórbida a um português medonho, que eu poderia dizer que a pessoa que fez as traduções pode até saber inglês, mas faltou às aulas de português com tanto fervor quanto os deputados faltam às seções da câmara. E isso só é perdoável se a diversão do livro não deixar que você observe os impropérios linguísticos.

Isso me deu o que pensar sobre tantos outros livros que amo e odeio. Tenho ânsia de pensar em best sellers, abomino livros de auto-ajuda, desprezo romances água com açucar e tenho um sério problema com os clássicos. E, sim, eu amo ler! Gasto horas e horas, dias e dias, semanas, meses, anos, nessa atividade que pra mim é uma das melhores já inventadas no universo.

Então por que tanto problema com os objetos de uma das minhas atividades favoritas? Respondo a vocês que como tudo na vida, a leitura pra mim tem que me despertar interesse, tem que me divertir, me emocionar, me fazer perder o sono, me prender, e acima de tudo, ela sempre vai me fazer pensar, e daí vêm os problemas. Sou uma crítica por natureza. Critico tudo, questiono tudo, exceto a supremacia da minha opinião e das coisas que eu acredito. É queridos, eu na verdade nunca ouço ninguém. Minhas opiniões são pra mim tão minhas quanto meu próprio cérebro, não vivo sem. Posso até mudá-las, mas sempre é por iniciativa própria.

Em relação aos best sellers confesso que é puro preconceito, mas quando esqueço isso e dou uma chance ao senso comum, lá vem mais uma decepção. O senso comum não tem senso, é isso que penso. Portanto prefiro aquilo que poucos e bons recomendam. É claro que existem exceções, alguns livros excepcionais acabaram curiosamente na lista de best sellers, provando que o senso comum raras vezes tem senso. Ou casos de típicos livros da moda que são fantásticos, como acontece com o Harry Potter. É divertidíssimo, e aqui sim, mil vezes melhores que os filmes.

Livros de auto-ajuda só ajudam quem os escreveu e as editoras que os publicaram. Se realmente se prestassem ao que prometem, seria impressionante a quantidade de pessoas ricas, de chefes eficientes, de mulheres poderosas, de gurus e de casamentos perfeitos. Não vejo nada disso mudar porque os livros venderam como água. Pegue o dinheiro que ia gastar no livro e jogue na loteria, tem uma chance maior de o seu problema ser resolvido.

Romances água com açucar têm lá o seu valor, desde que consiga prender o meu senso crítico até o fim do livro. E isso é difícil. Eu não acredito em amores eternos, não acredito em contos de fadas, embora adore os filmes da Disney, e vivo com o pé fincado na chão. Acho um absurdo alguém que acha que se matar por um amor não correspondido é lindo. Pra mim é estupidez, e falta de amor próprio. E aí fica minha primeira crítica ao clássico Romeu e Julieta. Amores precisam ser alimentados e cuidados. As pessoas têm limites, os sentimentos também. Amor eterno é igual felizes para sempre, não existe. As coisas têm prazos de validade, e tanto a vida quantos os amores são feitos de conjuntos, momentos felizes, momentos tristes, dar e receber. No caso da vida se a balança pesa, as pessoas têm depressão, mudam drasticamente... no caso dos amores, eles mudam também, se a balança pesa, eles viram desprezo, ódio, indiferença, e algumas vezes doença. Assim, os romances pra mim têm que vir revestidos de realidade, se não, não tem graça. Adoro ficção, adoro coisas improváveis, mas por algum motivo minha cabeça não aceita esses romances irreais. Talvez seja uma vacina pra eu não acreditar em príncipes encantados. Mas é isso, o sentimento real é que me faz acreditar no romance. Por mais irreal que sejam as outras coisas, como vampiros por exemplo. Eu preciso identificar o sentimento, saber que posso sentir aquilo.

Na minha visão de romance o Drácula de Bram Stoker tem um lugar especial. Acho lindo mesmo o egoísmo dele. E é tão real porque ele quer ela pra si, não importa se pra isso ela seria infeliz pra sempre. Tenho loucura por E o vento levou... como um romance pode ser mais real que aquilo? O eterno desencontro... Cem anos de solidão me deixa sem fala, a luta contra o que tem que acontecer. Tudo tão humano, tudo tão provável de acontecer com você amanhã. Não é o cenário de ficção que me afasta, e sim a invenção de sentimentos. Como eu vou me identificar com um sentimento que ninguém é capaz de ter? E se alguém me disser que já conheceu um amor eterno, vou cobrar como Vinícius de Moraes a certidão passada em cartório do céu e assinada por Deus.

E aí chego aos clássicos... e à minha obsessão pelo meu infalível bom senso. Considero que alguns livros são absurdamente bem escritos, inovaram em tantos quesitos da literatura que nunca perderam o status de "a coisinha mais bem feita nos últimos tempos", mas alguns são tão insossos, outros tão distantes, e outros tão chatos que eu absolutamente perco o interesse por eles nas primeiras páginas. Já confessei como não suporto Romeu e Julieta, embora ache Shakespeare um gênio, amor à primeira vista que termina em suicídio de gente que não sabe nada da vida me dá raiva só de pensar. Machado de Assis pra mim é a cereja do creme, mas Dom Casmurro está longe de ficar na minha lista de favoritos. Prefiro mil vezes Memórias póstumas de Brás Cubas, que eu já quase decorei de tanto ler, o sarcasmo é que me compra. Dom Quixote pra mim, melhor faria se fosse poesia. Mas a verdade é que os clássicos são clássicos, embora gente como eu possa não gostar deles muitas vezes, eles têm um valor inestimável. Não lê-los é como não ter um pretinho básico no armário, vai ficar sempre um vazio, vai sempre fazer falta.

Mas gente, por favor, esse negócio de sonhar com Romeu e Julieta é tão idiota quanto rasgar dinheiro! Amor à primeira vista não existe, é paixão. Amor eterno, morre. E só morre de amor quem não sente um pingo dele, nem por si mesmo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Porque não voto Serra...

Hoje mais uma vez me olhei no espelho e me perguntei: será que tenho cara de conservadora, demagoga, hipócrita, reacionária, coronelista, ou exploradora das classes menos favorecidas? Ou tenho, ou nada justifica o espanto das pessoas ao saberem que sou contra o Serra e toda a sua política que remonta aos tempos da monarquia.

Aos meus queridos amigos que o apoiam, tenho certo que são boas pessoas e que querem o melhor para o país, no entanto, temo que estejam mal informados. Espero que não deixem de ser meus amigos devido aos meus arroubos político-literários.

Irei tecer alguns argumentos que explicarão porque depois de gastar anos estudando história do Brasil e do mundo, geografia, ciências políticas, sociologia, e tantas outras coisas, eu sigo pensando que a Dilma não é a candidata dos meus sonhos, assim como o Lula não foi o presidente que eu gostaria que ele tivesse sido, mas que o Serra é um dos meus piores pesadelos.

Serra apóia, é apoiado e deve favores às pessoas das quais eu gostaria de ver o Brasil livre para acreditar em um futuro melhor. O PSDB (criatura do PMDB) está e sempre esteve ao lado das políticas mais opressoras dos trabalhadores e pobres desse país, de gente conservadora e reacionária, da bancada ruralista do Congresso, dos coronéis que ainda comandam esse país. Para citar exemplos, Marco Maciel, Ronaldo Caiado, Demóstenes Torres, ACM Neto (agora que o avô morreu), Orestes Quércia, Joquim Roriz, Siqueira Campos, só pra começar. Essa gente compõe uma classe que acha igualdade social discurso de comunista, que para eles dar a quem é de direito é só mantê-los no poder porque é lá que eles sempre estiveram, portanto, o direito é deles. Justiça social, melhores condições de vida pra população, e etc. servem apenas pra angariar votos nos anos de eleição. No trabalho deles de verdade se preocupam em garantir suas posições, ajudar os amigos, e fazem o que for preciso pra que os interesses deles próprios nunca sejam contrariados.

Esse não é o país que eu quero. Nos anos de governo Lula, com todas as críticas que tenho a ele, eu vi o poder aquisitivo da população aumentar, eu vi gente que passava fome, comer, eu vi o serviço público melhorar, eu vi investimento no nacionalismo há muito abandonado, eu vi as pessoas terem opção, opção gerada pela comida na mesa. Isso foi tão significativo, que vimos muitos desses senhores antes citados não serem reeleitos em seus currais eleitorais. As pessoas estão parando de agir como gado.

O modelo casa grande - senzala, não serve pra mim. Não quero ser escrava de ninguém e muito menos quero viver explorando os outros.

A carga tributária é outro argumento recorrente na roda tucana. Já falei sobre isso, e faço questão de lembrar que nos oito anos de governo FHC, que tinha maioria no congresso nacional, a carga tributária continuou enorme, e com a criação da CPMF, aumentou. O Estado de São Paulo, nas mãos do PSDB há dezesseis anos, conta com o maior IPVA, o maior ICMS, além do maior IPTU na capital, e ainda paga pedágio. Portanto, não esperem de Serra uma reforma tributária para diminuir a carga, porque ele não irá fazer isso.

Quanto à reforma política, o FHC também teve oportunidade e não a fez. Não vejo porque acham que o Serra fará.

Ouço muito das pessoas que são contra o PT e a Dilma, por consequência, que o PT é corrupto e que se a Dilma ganhar a moralidade do país continuará abalada. Fico chocada que ainda existam pessoas que acreditem que o PT inventou a corrupção, ou que seja o partido mais corrupto que existe no Brasil. Os mensalões, lobistas, fraudes em licitações já existem há tanto tempo, que não sei nem por onde começar. Darei como exemplo o rombo da previdência, ou será que tem alguém que acha que ela quebrou sozinha?
Para corroborar meu argumento, vou citar o caso do Paulo Preto, agora capa de algumas revistas, pois outras fizeram questão de abafar o caso enquanto deu. O Serra está diretamente envolvido, e ainda assim julgam ele mais probo que a Dilma. Alguém se lembra dos muito processos engavetados na época de FHC? Um deles foi o caso do superfaturamento das ambulâncias, que ocorreu no ministério que Serra comandava.

Acho que corrupção é um dos maiores problemas desse país, mas não tenho motivos pra acreditar que o Serra vá resolvê-lo.

Infelizmente, ainda insultam minha inteligência mandando e-mails me dizendo que Dilma é terrorista, come criancinhas, ou que registrou um programa de governo no TSE (pois é, pra ver onde chegam os absurdos, desde quando se registra esse tipo de coisa no TSE) no qual ela irá acabar com a propriedade privada. Sinceramente, penso não ter se quer que comentar esse tipo de coisa com os meus leitores, pois tenho certeza que vocês são inteligentes o suficiente pra saber que isso sim é terrorismo. Tentam amedrontar as pessoas com esses comentários da mesma forma que fizeram na época da ditadura e difamar a história política de Dilma, a quem devemos agradecer por ter lutado, inclusive pela nossa liberdade de expressão, correndo o risco de perder a vida, como tantos perderam.

Penso muitas outras coisas sobre Serra e seus comparsas políticos. Mas acho que já me fiz entender.

Dilma é a continuidade de um governo que dentro do possível, trabalhou pela igualdade social, melhor distribuição de renda e justiça para a população brasileira. Por pior que seja sua aliança com Michel Temer, e que eu discorde de muitos de seus programas de governo, os princípios dos governos petistas ainda são os que mais estão de acordo com os meus, diante das duas opções que tenho.

Se me chamam de Petista, ou alguns gostariam de me chamar de Petralha, deixo claro que prefiro esses adjetivos a ver as pessoas do meus país passando fome, salário mínimo que mal compra um cesta básica, gente sem a menor condição de ter uma vida digna.

Prefiro me ver pintada de vermelho em busca de um país melhor, do que ver o sangue azul na sua eterna aristocracia, subjugando aqueles derramam sangue e suor de verdade por este país.

Não é nada pessoal, é apenas uma questão de princípios.

sábado, 16 de outubro de 2010

Botando fogo no colchão!

Imagine se fosse você...

Um belo dia você desce despreocupado do seu apartamento, como era dia da faxineira, você deixa a chave na portaria.

  • Bom dia, seu João! Vou deixar a chave pra faxineira, tudo bem? Obrigada!
  • Bom dia, seu Antônio!

E você segue feliz seu caminho para o trabalho. Poucas horas depois, no trabalho, você se dá conta que esqueceu algo importante em casa e volta na hora do almoço para buscar (eu acho que ele estava com dor de barriga, pra voltar assim, mas vá lá, dentro do contexto isso é quase uma insignificância. Tudo bem, também podia ser para dar aquela cochilada, o que piora um pouco o caso).

Você para diante da sua porta e ouve um barulho, "claro, a faxineira está limpando a casa, normal". Você entra no apartamento e vai direto para o SEU quarto, afinal a coisa importante que tinha esquecido estava exatamente lá.

Quando abre a porta do dormitório que com tanto amor você cultiva, lá está o porteiro (como assim o porteiro?) e a faxineira, surpreendidos em uma posição de dar inveja ao kama sutra em cima da SUA cama!

Ha! Chocado você berra: "Que P... é essa?" Pegos com a boca não exatamente na botija, o casal suado, pra não dizer mais, responde surpreso: "Foi mal Seu Antônio, mas o Sr. sabe na portaria não tem espaço!".

Nesse momento você explode: "Seu Filho de uma P... você está pensando o quê? Vou reclamar com o zelador e com o síndico! Isso é o cúmulo do absurdo!" (A faxineira começa a chorar). Você quer bater no sujeito, mas pensa que isso pode lhe render uma boa desvantagem, afinal ele tem o dobro do seu tamanho e a musculatura bem mais privilegiada. Você deixa pra lá, e prossegue com o discurso: "Vou demitir vocês dois! Por justa causa!" "Faz isso não patrão, pensa nas criança que eu tenho em casa!"

Mas você não quer nem saber, aliás criança é o que ela vai ter na barriga daqui a pouco e ainda vai sobrar pra você pagar auxílio maternidade. É só que falta!

"Vocês dois sumam daqui agora!!! Saiam já da minha casa!!! Não quero ouvir uma palavra!!"

A moça vai embora chorando e o porteiro cabisbaixo com um leve sorrisinho enviesado debaixo do bigodinho. Pelo menos deu tempo de terminar o serviço.

Você fica lá olhando aquele lugar e pensando, há quanto tempo isso acontecia... ECO!

Você nunca se importou em dormir na sua cama depois do sexo, mas dormir na cama cheirando à sexo alheio é outra coisa. Como se você nunca tivesse dormido no motel, mas a hipocrisia é algo que se apodera do coração humano mais rápido que a velocidade da luz.

"Ele nem usou camisinha! Quanta irresponsabilidade! Deve ter sujado até o colchão!"

É deve ter sujado o colchão. Melhor botar fogo logo nessa porcaria. Aliás, melhor fazer um ato de caridade, tanta gente dormindo na rua...

"Que caridade o quê! Vou botar fogo nessa m... e ninguém nunca mais vai fazer sacanagem nenhuma em cima do MEU colchão!"

Tudo bem, tudo bem, ponha fogo no colchão e compre um novo.

Mas o que você vai fazer com a próxima faxineira? Você vai ter paz pensando que o porteiro pode ser na verdade um garanhão e estar usando o colchão bem mais que você?

"Vou contratar um faxineiro".

Tudo bem, mas não deixe de levar em conta as diversas preferências sexuais que existem no mundo. Nesse caso, ao invés de fluidos corporais de um, você vai ter p... de dois no seu colchão.

"Vou contratar uma faxineira bem velha".

Tão pouco creio que o problema estará resolvido, afinal a idade pode ser um atrativo pra muitos. Nunca dá pra saber se o porteiro não sofre de gerontofilia.

"Já sei, vou perguntar se a faxineira é castrada! Só quero saber de faxineira castrada, e não tem conversa. Não estou pra ficar botando fogo em um colchão por semana. Castrada! É isso!"

Agora pense, e se fosse você? Sairia botando fogo no colchão ou simplesmente aproveitaria o derramamento de suor alheio ou talvez aproveitava o ensejo e dava uma "pegada" na empregada também?

10 segundos pra pensar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Quem vai estar salvando São Paulo dos erros de português?

Hoje estou um pouco revoltada. Não aguento mais tanta ignorância, para não dizer pior.
Por que a classe média, especialmente a paulista, que se julga tão inteligente, insiste em me insultar com a sua completa falta de argumentos pra criticar o governo do PT ou para apoiar os governos do PSDB e do DEM?

Primeiro eles me dizem que o governo Lula aumentou em não sei quantas vezes o tamanho da máquina estatal. Pura verdade, não nego. Mas no que isso me afeta como cidadã? Eu realmente gostaria de saber. Porque até onde eu me lembro, nos oito anos de governo FHC, nos quais a máquina estatal foi diminuída, desestruturada, e jogada às traças, a carga tributária não diminuiu em NADA! Muito pelo contrário, nosso rico dinheirinho obtido com a venda das estatais foi malbaratado na compra do apoio parlamentar à agora finda CPMF. (Mensalão, será?). Pois é, pois é, pois é, pois é!

O Estado de São Paulo, veemente defensor e eleitor do PSDB e do PFL travestido agora de DEM, que faz tanta questão de encher a boca pra dizer que tais partidos diminuem a máquina estatal, é o estado com a uma das maiores cargas tributárias do país. O ICMS aqui é altíssimo, o IPVA é um dos mais altos do Brasil, o IPTU foi recentemente reajustado em valores absurdos, e aqui ainda se paga pedágio. Qual é o benefício que os paulistas têm com a diminuição da máquina estatal? Sinceramente, eu não vejo nenhum. Só vejo o serviço público de pior qualidade do Brasil, as piores escolas públicas, péssimo transporte, ruas sujas e mal iluminadas, o judiciário mais lento do Brasil, e uma enorme rede de corrupção que todo mundo parece não ver.

Aí me dizem: “Mas o Lula não é um bom representante do Brasil, ele não sabe falar português corretamente!”. E você sabe, letrada classe média paulista? Será que alguém que não sabe nem escrever corretamente, sabe falar? E como justificar os tantos crimes cometidos contra a língua portuguesa pelos seus jovens universitários, os quais eu já vi (ninguém me contou) escrever mexendo com ch (e olha que este fazia parte de uma das mais caras faculdades do país), os erros de conjugação, como vir que virou vinheram, a falta de nexo nos textos, e qual o estado responsável pelo inesquecível “gerundismo”?

Pelo que sei, apesar dos seus impropérios gramaticais o Presidente Lula é um dos líderes mais respeitados do mundo, e por autoridades de diversas áreas, mas certamente isso é muito pouco.

Concordo que São Paulo é o estado mais desenvolvido da nação. Mas gente que ajudou a colocá-lo nesse status, como Prestes, deve se revirar na cova ao ver o que tem sido feito com o que ele tanto defendeu. Absolutamente não é mérito dos políticos paulistas o desenvolvimento desse estado, e um povo tão empreendedor deveria gastar mais do seu tempo estudando a política do próprio país, ao invés de se encher de preconceito e não abrir os olhos para coisas tão óbvias.

Ninguém é obrigado a gostar do Lula, e ele está longe de ser o presidente que eu gostaria de ter. Mas o governo Lula é bem melhor para os cidadãos do que foi o governo FHC e isso é fato. Com muito menos dinheiro, inclusive pela falta da CPMF, (ou seja diminuição da carga tributária), é notório que as coisas estão melhores para a grande maioria das pessoas, inclusive com um serviço público de melhor qualidade, facilmente visto nas universidades federais, na justiça federal, nas escolas técnicas federais e etc. Falta muito para o ideal, mas diminuir a máquina é a solução? A prática já não provou que os cidadãos não obtiveram no Brasil qualquer benefício com isso?
Espero que essa classe média preconceituosa e que faz questão de não ler e raciocinar sobre a política nacional, mude, pois esse sim será o primeiro passo para governos de melhor qualidade. Essa geração criada pelos resquícios da “nossa sagrada família católica brasileira” (que fique claro que não tenho nada contra o catolicismo ou os católicos, tenho contra o movimento que foi iniciado com este nome e criou bases para a instauração da ditadura) continua agindo com a mesma ignorância que nos levou aos anos de ditadura militar. Acreditam em tudo que dizem pra eles, agem como uma massa de iletrados, ao invés de raciocinar, questionar e não se deixar manipular como um rebanho de ovelhas. Já teve gente que acreditou que Galileu estava errado, que a escravidão era coisa divina, e que os comunistas comiam criancinhas, aliás parece que tem gente que acredita até hoje, e alimenta seus preconceitos contribuindo para aumentar a completa falta de consciência cívica que impera no Brasil.

Classe média, deixe de agir como um bando de galinhas, que passam a vida repetir a mesma ladainha. Usem o seu cérebro pra algo mais do que armazenar informações inúteis como os capítulos da próxima novela da Globo, acreditem, ele serve pra muito mais!

Me dêem argumentos e eu posso respeitar suas escolhas. Continuem falando asneiras e recebam meus cumprimentos, vocês é que constituem os verdadeiros analfabetos desse país.